O Dia Internacional da Síndrome de Down, comemorado na última segunda-feira (21), foi marcado por Audiência Pública, na noite desta quinta-feira (24), na Câmara Municipal de Vitória da Conquista. A solenidade reuniu representantes de diversas instituições que atuam com pessoas com Síndrome de Down em Vitória da Conquista.
A audiência pública foi proposta pela vereadora Viviane Sampaio (PT), que falou sobre a importância de debater o tema. “O objetivo é chamar a atenção da população para a promoção de alternativas para ampliar e fortalecer a inclusão e a visibilidade desse segmento. Essa tem sido uma das principais bandeiras de luta do nosso mandato e vale salientar que a Síndrome de Down não é uma doença e sim uma alteração genética que acontece na divisão celular do óvulo, resultando em um par a mais do cromossomo 21”, afirmou.
Temos muitas conquistas e muito para conquistar - A presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), de Vitória da Conquista, Elza Rodrigues, trouxe para o debate os avanços que a instituição obteve nos últimos cinco anos em relação à oferta de serviços. Ela lembrou que quando assumiu a presidência da Apae, em 2017, o cenário era bem desafiador. “Quando estive aqui pela primeira vez, a situação da Apae era desesperadora. Vim para pedir socorro naquela ocasião. Hoje estou muito feliz. Reconheço que precisamos de muitas coisas. Mas, graças a Deus, também estamos conquistando muitas coisas. Não dá pra enumerar aqui todos os avanços que tivemos nos últimos cinco anos”, afirmou a presidente. Parte desse avanço deve-se ao serviço de educação da instituição, que precisou do apoio da Prefeitura de Vitória da Conquista para garantir a oferta de profissionais. Elza enfatizou também outros desafios que ainda precisam ser superados, como a melhoria da oferta dos serviços de saúde na entidade. “Vamos continuar buscando recursos e lutando por nossos objetivos porque tenho certeza que teremos muito mais conquistas para nós”, declarou.
A Apae tem papel importante na fundação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência – Diretora da Apae de Vitória da Conquista, Deise Cristina Rocha, destacou o papel da associação para a inclusão da política de assistência social no município, como também para a evolução do ensino inclusivo no âmbito municipal. “Estou na Apae há 25 anos e sempre é uma conquista falar desta instituição. A Apae conta com a parceria do município e busca o atendimento integral, não só na área da educação e saúde, mas também na preparação para a vida em todos os aspectos”, ressaltou. A diretora falou também do papel da associação no processo de fundação do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência. “Depois de 10 anos foi fundado o Conselho Municipal e sabemos que nenhuma política atua sem o respaldo financeiro. Hoje temos um público interno em torno de 540 pessoas, além de uma lista de espera grande. Por isso é importante discutir e pensar para a contribuição e melhoria de uma politica que seja com qualidade”, finalizou. Em outro momento, a diretora apresentou os serviços que são oferecidos para os alunos na Apae, ressaltando a necessidade de que a comunidade conheça essas terapias.
Os desafios para efetivar uma educação inclusiva - O secretário municipal de Educação, Edgard Larry, parabenizou a Câmara Municipal de Vitória da Conquista pela iniciativa do debate. “Nós temos a grande responsabilidade de darmos as mãos e buscarmos caminhos para melhorar não só a educação, mas a educação como um todo. A sociedade não pode se omitir, seja no segmento público ou privado, temos o dever de desenvolver ações para garantir educação inclusiva. Isso é uma obrigação de todos nós”, afirmou o secretário. Larry ressaltou o trabalho desenvolvido pela Apae, destacando a necessidade de pautar as demandas dos portadores da Síndrome de Down. Nesse sentido, ele colocou a Secretaria Municipal de Educação à disposição para promover um debate permanente sobre a educação inclusiva, analisando todas as possibilidades que promovam avanços e garantam os direitos previstos a essas pessoas portadores dessa síndrome.
O secretário lembrou que a Rede Municipal de Ensino conta atualmente com 1064 alunos com deficiência, sendo que desse total, 489 são alunos com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais. Ele encerrou o pronunciamento falando sobre a formação continuada dos professores que atendem a esse público. “Essa formação é fundamental para garantir uma assistência adequada”, pontuou.
“Eu tenho satisfação em trabalhar na Apae” - Luana Pereira, 31, representante e aluna da Apae de Vitória da Conquista, iniciou a fala destacando a satisfação em trabalhar como atendente na lanchonete da entidade. “Eu recebo os clientes, atendo, trabalho no caixa da lanchonete e gosto bastante dessas atividades”, disse. Ela falou um pouco sobre sua trajetória profissional e ressaltou os cursos que já fez ao longo da vida. “Eu terminei o ensino médio e fiz outros dois cursos profissionais, um de operador de caixa e outro de atendente de farmácia. Hoje, eu namoro o Romário há três anos e estou muito feliz”, finalizou.
A cidade precisa conhecer nossos serviços - A fonoaudióloga Maria Clara Maia atua na Apae desde 2018, como diretora clínica. Durante o debate, ela destacou o trabalho prestado por essa instituição aqui na cidade. “O pessoal não conhece o que a gente faz, nem como recebemos esses pacientes na Apae. O que parece ser simples é de fundamental importância para as famílias que ainda não sabem onde encontrar terapias corretas para os seus filhos diagnosticados com a Síndrome de Down”, afirmou. Ela destacou também o objetivo desse serviço. “A gente sempre faz um trabalho digno para que todas as pessoas com deficiência tenham autonomia e sua cognição preservada”, declarou.
A arte em relação à Síndrome de Down capta a atenção e motiva a socialização dos alunos - A coordenadora de arte da Apae, Irlane Rodrigues, ressaltou as modalidades artísticas que são oferecidas na associação como o teatro, percussão, dança e coral. “A arte em relação à Síndrome de Down capta a atenção e motiva a socialização dos alunos. Nós, enquanto educadores, temos a cada dia que aflorar a sensibilidade”, disse. Ela falou também sobre a atuação dos alunos num espetáculo de arte promovido pela Apae e ressaltou que o trabalho com arte é uma grande missão. “Duvidaram que os alunos iam falar, mas o último espetáculo foi um sucesso e a Casa estava cheia. Este ano será lançado o nosso primeiro curta-metragem e a gente percebe que os meninos têm talento”, salientou. Irlane aproveitou a oportunidade para agradecer aos outros colaboradores que atuam nos espetáculos e auxiliam a parte artística na associação. “Todos nós temos talento, os meninos da Apae me ensinam todos os dias que eu consigo. São quase 100 assistidos na área de arte e a sociedade ganha com isso”, disse.
O Brasil tem mais de 350 mil pessoas com Síndrome de Down - A assistente social, Cleia Malta, participou da audiência representando o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Michel Farias. Ela relembrou o 21 de março, que é a data que marca o Dia Internacional da Síndrome de Down. Cleia apresentou dados demográficos sobre o quantitativo de brasileiros que são portadores dessa síndrome. “São mais de 350 mil pessoas com Down aqui no Brasil. Só entre 2020 e 2021, foram notificados 1978 novos casos. Essas estatísticas apontam para a necessidade de mais políticas públicas”, defendeu. Ela pontuou as estratégias que precisam ser adotadas para superar os desafios impostos à educação inclusiva e comemorou os avanços obtidos por meio de equipamentos públicos que garantam os direitos sociais, a escuta qualificada e o acolhimento dessas pessoas. “Nós vivemos um momento importante, conquistando uma estrutura que consolidou as políticas do SUAS aqui em Conquista”, afirmou. A assistente social ainda ressaltou o trabalho da Apae e a importância da instituição na fomentação das políticas públicas e formação dos profissionais que atuam nessa área do campo social. “É neste intuito que parabenizo o trabalho de vocês”, pontuou.
Todas pessoas têm direto ao acesso à educação, cada um com suas particularidades - O vereador e líder da Bancada de Oposição, Valdemir Dias (PT), destacou em sua fala a importância da Apae para Vitória da Conquista e região, e os frutos da instituição ao longo dos 45 anos de atuação. “Diante de tantos frutos dessa associação, é de suma importância ter o apoio de políticas públicas inclusivas que dê oportunidades iguais a todos. Toda pessoa tem direto ao acesso à educação, cada um com seus dons”, disse. O vereador enfatizou que o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular, e, nesse sentido, é preciso uma educação inclusiva que se relacione com cada aluno. Por último, Valdemir chamou a atenção da sociedade no apoio para que a associação alcance mais pessoas. “Existe uma fila de espera, porque há uma demanda reprimida e para que todos tenham esse direito é preciso apoiar cada vez mais a Apae”, finalizou.