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Carnaval no Rio prepara maior estrutura de sua história para 2023

 

Foto: Reprodução/Agência Brasil

O ar na garganta vai fluir livre pelas ruas e avenidas do Rio de Janeiro sem medo de encontrar gotículas contaminadas ou precisar ser consumido com campanhas políticas. É o que espera quem vive de Carnaval não só nos quatro dias de fevereiro.
 

"Esse ano vai ser o grito mesmo de liberdade", diz Clayton Fraga, 31, que compra e adorna as fantasias da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis.
 

A menos de um mês da folia, a cidade que respira samba e cultura de rua já está repleta de batuque, com centenas de ensaios de blocos e escolas espalhados se preparando para receber 5 milhões de pessoas,
 

público maior do que em 2020.
 

Assim como em outros destinos carnavalescos do país, aquele foi o último ano em que a festa de rua aconteceu oficialmente, com autorização aos cortejos, equipes de segurança pública, banheiros químicos e postos médicos.
 

Em 2022, só o espetáculo da Sapucaí foi permitido, mas fora de época, em abril, sob a ameaça da variante ômicron. Mesmo assim, a cidade viveu dois pequenos carnavais um tanto clandestinos, com músicos e foliões que perambularam pelo asfalto do centro.
 

"Havia uma demanda reprimida e muita gente acabou frequentando a rua", diz o pesquisador Victor Belart, autor do livro "Cidade Pirata" (ed. Letramento). "Agora, porém, além de o Carnaval reafirmar seu tamanho, será o retorno de alguns dos blocos tradicionais."
 

Os principais deles, os megablocos, terão lugar próprio para acontecer, com revista policial. Mais de 100 mil pessoas devem passar a cada dia pela avenida Presidente Antônio Carlos, na região central, seguindo os trios elétricos de Preta Gil, Anitta, Ludmilla, Monobloco e Cordão da Bola Preta.
 

O município promete a maior estrutura de sua história. "Está tudo praticamente pronto. Vai ser o maior estafe de todos os órgãos de todos os carnavais", diz Ronnie Costa, presidente da Riotur.
 

A logística inclui, por exemplo, fazer com que mais de 450 desfiles cadastrados não se cruzem. Para facilitar a vida do folião, a cidade lança um aplicativo em português, inglês e espanhol com georreferenciamento e filtros para busca por bairro, data e horário.
 

Será a primeira vez também que mais cortejos passarão pelo centro comercial do que pela zona sul turística, a fim de democratizar e não atrapalhar a dinâmica urbana. As duas regiões concentram os principais blocos, mas em número quem ganha mesmo é a zona norte.
 

É ali que acontece ainda o "Carnaval do povo", na avenida Intendente Magalhães, que neste ano será transformada numa pequena Sapucaí para receber a terceira divisão das escolas de samba
 

—preservando a gratuidade e o lugar para o churrasquinho.
 

O próprio Sambódromo da Sapucaí também será modernizado. As luzes coloridas que dão efeito aos desfiles, testadas no ano passado, agora serão fixas, e haverá maior rigor para evitar que o som dos camarotes vaze e que muita gente se aglomere na pista, polêmicas do último espetáculo.
 

Nos hotéis, as reservas já estão quase cheias, e a expectativa é chegar a 100% de ocupação, contribuindo para uma movimentação de cerca de R$ 5 bilhões na cidade. Mas a ânsia pela festa deste ano inclui outro fator —o político.
 

Por quatro anos, foliões e a comunidade engajada no Carnaval carioca pediram "fora, Bolsonaro" entre uma marchinha e outra. Agora encaram a folia como comemoração.
 

Pablo Beato, 34, solta um grito ao ouvir o nome do ex-presidente. "O Carnaval para a gente começou depois das eleições. Tudo melhorou, o clima ficou mais leve. Nós, agentes de cultura, fomos marginalizados", afirma o diretor do bloco Me Enterra na Quarta.
 

"É o Carnaval da volta à nossa liberdade", diz a veterinária Juliana Rosseto, 40, que sairá pela primeira vez no cortejo.
 

O pesquisador Victor Belart analisa que, não importa o o contexto, a festa sempre será, por essência, política: "O Carnaval é muito maior do que a pandemia e do que o Bolsonaro. É uma entidade secular que resiste a muitos processos históricos de pé".

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