O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vive tensão com a presidência do Banco Central (BC), liderada Roberto Campos Neto, após a entidade manter a taxa de juros em 13,75% na primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. O petista enxerga que Campos Neto “traiu” sua confiança e tenta levar o Brasil para uma recessão econômica.
De acordo com Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, Lula e ministros de seu governo parecem ter depositado no presidente do Banco Central disposição para dialogar e participar de um esforço conjunto para que o Brasil supere os problemas econômicos.
O governo avalia que eles não têm responsabilidade sobre o déficit fiscal e a inflação, que impulsionam as taxas de juros. E mereceria um voto de confiança em seu compromisso de levar o rombo para 1% neste ano, e de zerá-lo em 2024.
Após o BC manter a taxa de juros em 13,75% e endurecer o discurso, sinalizando que a Selic deve ficar alta por mais tempo, o BC estaria dificultando a recuperação do crédito e a atividade econômica no país, e colocando o Brasil na rota da recessão.
Lula e o governo acreditam que os alertas feitos pelo Copom foram muito além do que seria necessário. E passaram a desconfiar da atuação de Roberto Campos, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro (PL) para um mandato de quatro anos.
Nesta semana, o petista realizou críticas ao Banco Central e sinalizou que pode reverter a independência da autoridade monetária com o fim do mandato de Campos Neto em dezembro de 2024.