O governo federal deve apresentar depois do Carnaval um programa para renegociação de dívidas chamado Desenrola. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez a previsão ao falar na abertura da reunião do diretório nacional do PT na manhã desta segunda-feira (13), em Brasília.
De acordo com ele, tanto o Desenrola quanto a correção da tabela do Imposto de Renda e do salário mínimo já estão no Palácio do Planalto para avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A fala de Haddad não foi aberta para a imprensa e as informações são da assessoria de imprensa do PT.
O Desenrola deve oferecer condições facilitadas para que pessoas renegociem dívidas até um certo limite, a ser definido pelo governo federal.
Com isso, a aposta é de que haja um impulso ao consumo, o que ajudaria na retomada econômica. O programa pode contemplar até 40 milhões de brasileiros que estão endividados e têm renda de até dois salários mínimos, equivalente a R$ 2.640.
Existem quase 70 milhões de consumidores com o nome negativado por inadimplência. O atual patamar de endividamento é recorde.
Já em relação à correção da tabela do IR, a promessa de Lula durante a campanha eleitoral era de isentar do imposto pessoas com renda mensal de até R$ 5.000, mas isso não deve acontecer neste ano. Hoje, é isento quem tem um salário mensal menor do que R$ 1.900. O plano em discussão avalia elevar esse patamar para dois salários mínimos (R$ 2.640).
Além dos anúncios, Haddad também abordou a política monetária e a questão dos juros na sua fala para o diretório nacional do PT. De acordo com a assessoria do partido, o ministro repetiu o que disse na semana passada em reunião com a bancada petista na Câmara dos Deputados, quando preferiu se distanciar da crise gerada pelas críticas de Lula ao BC.
Na apresentação, Haddad disse que não alimentava expectativa de redução de juros na última reunião do Copom, mas esperava uma sinalização.
A bancada do PT, por sua vez, articula um convite para que Roberto Campos Neto, presidente da autarquia, vá ao Congresso Nacional falar sobre a política de juros.
O ministro-chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência da República, Paulo Pimenta, disse que "não há nenhuma discussão dentro do governo" para que o CMN mude a meta de inflação.
"O ministro Haddad e a ministra [Simone] Tebet integram esse fórum e no decorrer da semana vão conversar dialogar, mas não há orientação do governo para adotar essa ou aquela medida", acrescentou ao sair da reunião do diretório nacional do PT.
Por Lucas Marchesini, Catia Seabra e Victoria Azevedo | Folhapress