O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (16) que, se depender dele, Dilma Rousseff será a próxima presidente do Banco dos Brics, grupos de países de economia emergente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Olha, se depender de mim, ela vai [ser a presidente do banco]", afirmou Lula em entrevista à CNN. A emissora começou a divulgar trechos da entrevista e a íntegra deve ir ao ar às 18 horas.
Na sequência, Lula passou alguns minutos elogiando a ex-presidente, que deixou o cargo após um processo de impeachment. O petista ainda chegou a afirmar que, se ele tivesse sido ministro do governo de Dilma, ela não teria sido afastada.
O governo do presidente Lula iniciou as tratativas para substituir o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento -o nome oficial do Banco dos Brics. O cargo é ocupado atualmente por Marcos Troyjo, um crítico declarado do petista e que chegou a se referir ao mandatário como "presidiário".
O mandatário gostaria que a situação fosse resolvida nos próximos dias, antes da viagem que ele fará à China. Lula gostaria que Dilma, a sua candidata, integrasse a comitiva. Ele pretende chegar ao gigante asiático com ela na comitiva.
Lula afirmou na entrevista que a possível nomeação de Dilma para a presidência do banco será uma coisa "maravilhosa" para o Brics e para o Brasil.
O mandatário também elogiou a petista. Disse que ela não teria sofrido o processo de impeachment, caso ele tivesse sido ministro dela. Argumentou que faltou conversa durante a tramitação do processo.
"A Dilma é uma figura extraordinária. Eu, possivelmente, se eu não tivesse sido presidente e eu tivesse sido o ministro político da Dilma, não tivesse acontecido o que aconteceu. Porque eu acho que faltou um pouco de conversa, um pouco de paciência", afirmou Lula.
"Mas a Dilma é uma mulher extraordinária, uma pessoa digna de muito respeito, e o PT adora ela. Ela junto à militância do PT, ela é muito querida. E ela tem uma coisa que ela é muito competente tecnicamente. Então, se ela for presidente do banco dos Brics, será uma coisa maravilhosa para os Brics, será uma coisa maravilhosa para o Brasil", completou.
Em março de 2016, a então presidente Dilma chegou a nomear Lula como ministro da Casa Civil. Na ocasião, houve críticas de que o objetivo seria apenas conceder foro privilegiado para Lula, em um momento em que a operação Lava Jato avançava as investigações sobre petistas.
Lula tem dito em vários de seus discursos que Dilma foi vítima de um golpe.
"Tudo o que fizemos no governo do PT foi destruído em seis anos, depois do golpe e depois do mandato de quatro anos do genocida que precisa de ser julgado", afirmou Lula durante ato para celebrar o aniversário do PT nesta segunda-feira (13).
Dilma teve o mandato cassado em 2016 em processo de impeachment que tramitou na Câmara e no Senado. Ambas as Casas consideraram que a então presidente cometeu crime de responsabilidade pelas chamadas "peladas fiscais", com a abertura de crédito orçamentário sem aval do Congresso. A decisão, no processo e no mérito, foi acompanhada sem contestação pelo STF.
Por Renato Machado | Folhapress