Especialista em tributação de combustíveis, o consultor Dietmar Schupp avalia que a alta da gasolina com a retomada da cobrança de impostos federais será menor do que a projetada pelo mercado após entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta terça-feira (28).
O governo decidiu cobrar a partir desta quarta (1º) R$ 0,47 por litro a título de PIS/Cofins, imposto que estava zerado desde junho de 2022. Na entrevista, Haddad disse que, considerando o corte de R$ 0,13 por litro promovido pela Petrobras em suas refinarias, o impacto seria de R$ 0,34 por litro.
Assim, o mercado calculava que o preço médio da gasolina poderia bater os R$ 5,50 após a retomada da cobrança. Schupp diz que a projeção não abate a parcela de etanol na gasolina, que reduz o valor final dos impostos federais.
Com base nos dados divulgados no Diário Oficial desta quarta, ele calcula que a retomada da cobrança de PIS/Cofins eleva o preço médio da gasolina nos postos brasileiros dos R$ 5,07 por litro verificados na semana retrasada para R$ 5,33, alta de R$ 0,26, ou 5,1%.
O repasse final, porém, depende de uma série de fatores, como políticas comerciais de distribuidoras e postos de combustíveis e da evolução do preço do etanol anidro.
Já o preço da gasolina nas refinarias não deve mudar por enquanto, já que o corte anunciado pela Petrobras na terça para compensar a alta de impostos eliminou qualquer folga em relação às cotações internacionais.
Pelo contrário, para alguns analistas, a empresa opera hoje em defasagem ante a paridade de importação, conceito que simula quanto custaria para importar o produto do principal mercado fornecedor, os Estados Unidos.
Nas contas do Goldman Sachs, a gasolina vendida pela Petrobras ficou 11% abaixo da paridade. Para a Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis), está 1% abaixo, ou R$ 0,05 por litro.
Nas contas de Schupp, o impacto da reoneração no preço do etanol será quase imperceptível, de apenas R$ 0,01 por litro, já que a alíquota de PIS/Cofins definida pelo governo foi de R$ 0,02. Assim, o preço médio do produto passaria de R$ 3,80 para R$ 3,81 por litro.
No diesel, não há reoneração de impostos. Pelo contrário, o preço deve seguir em queda nas bombas , já que a estatal anunciou corte de 1,9% no valor de venda por suas refinarias. O combustível vem caindo há três semanas, com repasses de redução promovida pela estatal no início do mês.
Desde então, a queda acumulada é de 5,3%. Na semana passada, o produto era vendido a R$ 6,05, menor valor desde março de 2022. Esse produto permanecerá sem impostos federais até o fim do ano.
Procurado, o Ministério da Fazenda ainda não se manifestou sobre o tema.
Por Nicola Pamplona | Folhapress