Com o objetivo de oferecer uma alternativa aos entregadores de Salvador que utilizam motos ou biciletas, o Governo do Estado lançou nesta quinta-feira (09), no auditório do Parque Tecnológico da Bahia, um projeto-piloto de cooperativa de plataforma e aplicativo. Com investimento de mais de R$ 770 mil, a iniciativa é da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre) por meio do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (FUNTRAD).
A ideia do projeto surgiu durante a pandemia da covid-19, com o aumento dos trabalhadores em serviços de entrega e em condições de precarização. A tecnologia utilizada no projeto-piloto foi desenvolvida pela SOFTEX Campinas, uma organização da sociedade civil de interesse público (Ocip) que atua no fomento de desenvolvimento de ecossistemas regionais por meio da tecnologia da informação.
Além do aplicativo, o projeto-piloto prevê assessoramento para formação de cooperativas de plataforma, com participação mínima de 100 entregadores (motos ou bicicleta), prestação de serviços técnicos especializados para a implantação, suporte e manutenção do aplicativo no formato marketplace para o gerenciamento de toda a logística de entrega da cooperativa pela plataforma.
“O mundo do trabalho passa por transformações importantes estimuladas pelo desenvolvimento tecnológico. Precisamos enfrentar o desafio de nos apropriarmos da tecnologia como experiência de economia solidária, permitindo a gestão por parte dos trabalhadores” disse o secretário Davidson Magalhães para quem o projeto deve ser firmar como uma alternativa conjugando desenvolvimento tecnológico e trabalho decente com melhores do condições de vida e de trabalho.
Parcerias
O presidente do Sindicato dos Motociclistas (Sindmoto), Marcelo Barbosa, parabenizou o governo pela iniciativa para fazer frente à precarização imposta pelas big techs. “A categoria vê com bons olhos porque os apps de entrega não respeitam os direitos dos trabalhadores e nós precisamos ter os nossos direitos respeitados”, afirmou.
Durante o lançamento, o representante da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Leandro Messias, destacou que na estrutura atual de funcionamento de entregas pelas big techs perdem os trabalhadores e os pequenos empreendimentos. “O restaurante acaba pagando muito pelo serviço e vocês (entregadores) recebendo pouco”, declarou prometendo contribuir para o sucesso da iniciativa estabelecendo a interlocução entre os entregadores e os estabelecimentos.
Para implantação do projeto-piloto estão previstos encontros formativos de 40 horas, abordando os fundamentos do cooperativismo e legislações correlatas, oficinas de gestão de negócios virtuais, com total de 88 horas, elaboração de plano de negócios, recrutamento de equipe, entre outras ações. “O governo do estado está estruturando, entregando o aplicativo, capacitando, mas para a iniciativa dar certo vai depender da união de vocês, de uma cooperativa bem estruturada”, disse o superintendente de Economia Solidária da Setre, Wencelau Junior.
O lançamento do projeto-piloto contou com a participação da gerente de Projetos da SOFITEX Campinas, Gláucia Clite; do presidente da SOFITEX nacional, Rubem Delgado; de representações dos mototaxistas e entregadores; da Abrasel, do Ministério Público do Trabalho, além da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secti).
Ascom Setre